Pão assado pé queimado
Nasci em Canguçu no 4º distrito. Minha
infância foi só dificuldade, pois éramos
pobres. Em Canguçu eu e minha irmã Iara adorávamos dançar, o baile ficava em
uma casa simples onde tinha mesas com cadeiras,
era uma folia, à noite esquentava a
alegria. Dançávamos até cansar com nosso par. A
'fita' do Trio Parada Dura tocava sem parar, adorava bailar, pois era linda e
vivia a encantar.
Naquele tempo, ainda pequeno,
brincava com minhas irmãs de fazer bonecas no barro, as vezes à noite olhava as
estrelas com meu cachorro, corria por entre as plantações de milho, me divertia
pra valer.
A vida era muito dura, à noite tinha
que fazer pão sentada na cadeira ao lado
do fogão esperava o pão assar. Adormecia. Acordava de supetão com fagulhas que caiam no
chão, as faíscas queimavam meus pés.
Lembrança boa era quando minha
mãe Doralicia fazia aquela feijoada de dar água na boca, pois enquanto brincava
exalava pela casa o cheirinho de feijão novo. Foi complicada minha infância não
pude estudar, pois tive problemas de visão.
Minhas irmãs chegavam em casa
contando o que acontecia na escola , eu ficava apavorada.
Ajoelhar em tampinhas por quinze minutos, apanhar de régua nas mãos,
castigos severos aplicados pelo professor.
Enquanto aplicava os castigos falava: “Não vou admitir malcriação vocês não têm respeito e nem
educação. Mas apesar de tudo hoje tenho muito orgulho de relembrar fatos
importantes de minha vida.
Patricia Ferreira Viana – 8º
ano
Srª Maria Boeira Ferreira- 73 anos